Por Daniela Fontes, cardiologista CRM 140.214 e associada das Meninas Empreendedoras
Cada vez mais ouvimos falar que aumentam os casos de mortes em mulheres por infarto. Mas, por que as mulheres estão sofrendo de doenças do coração tanto quanto os homens?
As mulheres são afetadas mais tardiamente pela doença arterial coronariana, em média 15 anos mais tarde do que os homens. No entanto, uma vez que a doença se inicia, ela tem prognóstico pior nas mulheres, com maiores índices de mortalidade após infarto agudo do miocárdio em relação aos homens no período de um ano após o evento.
Em estudo recente publicado pela Lancet e realizado pela Escola de Saúde Pública T. Chan, de Harvard, foram analisadas as vidas de 70 mil mulheres no período de quase 10 anos e concluiu-se que, com trabalhos ativos e de alta tensão, as mulheres estiveram 38% mais propensas a apresentar um evento cardiovascular.
A influência das elevadas jornadas de trabalho, das multifuncionalidades da mulher como mãe, esposa e a busca pelo reconhecimento profissional vêm aumentando as taxas de depressão e ansiedade no público feminino.
Além disso, as mulheres estão a cada ano mais expostas ao risco. Entre as que já apresentam sintomas das doenças cardíacas, 40% têm aumento da cintura abdominal, mais de 20% fumam, 23% estão com seus níveis de pressão arterial acima do preconizado e 21% possuem alteração dos níveis de colesterol. Tudo fica ainda mais complicado, tiver histórico familiar de doenças cardíacas.
O estresse diário contribui ainda mais para a ocorrência de problemas cardiovasculares graves e leva a uma maior atividade na região do cérebro chamada amígdala, responsável por orquestrar emoções como medo, raiva ou preocupação intensa.
Ele é uma reação do organismo que ocorre quando há necessidade de lidar com situações que exijam grande esforço emocional e mental para serem superadas. Quando há um descontrole neste mecanismo, o nosso corpo entende como uma eterna situação de perigo, desencadeando reações como aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca e respiratória, maior tensão nos músculos, além do aumento crônico da liberação dos hormônios estimulantes cortisol e adrenalina.
As situações de estresse constantes e mecanismos de relaxamento escassos levam ao adoecimento devido à sobrecarga do coração e de outros órgãos, como o cérebro e os rins, levando ao aumento persistente da pressão arterial, aumentando assim o risco de morte por doenças cardiovasculares.
O estresse pode ser um fator de risco tão decisivo como o fumo e a hipertensão arterial. É necessário identificar as mulheres em situações de risco e estimular a mudança de hábitos, como adotar uma alimentação saudável, a atividade física regular, momentos de relaxamento mental e a busca do equilíbrio emocional por meio do autoconhecimento e de atitudes positivas diante da vida.
Por todos esses motivos, a mulher da sociedade moderna, ao assumir papel de protagonismo na vida produtiva e já tendo toda a responsabilidade familiar, deve reforçar todas as medidas de prevenção de doenças cardiovasculares, além de estabelecer uma rotina de avaliação ou check-up para permitir diagnóstico precoce e terapia eficiente.
1 comentário. Deixe novo
Hi, this is a comment.
To delete a comment, just log in and view the post's comments. There you will have the option to edit or delete them.